Antônio Henrique Amaral

1935 – 2015

Conhecido principalmente pela série de pinturas em torno das Bananas, realizada de 1968 até 1975, Antonio Henrique Amaral inicia sua trajetória artística com desenho e gravura. Seu estilo, que já apresenta considerável veia surrealista, é inspirado em artistas como Roberto Matta (1911-2002), Paul Klee (1879-1940), Joan Miró (1893-1983), entre outros, de quem absorve o equilíbrio entre o automático psíquico e o rigor formal.

Mudanças de ordem política e cultural marcam seu trabalho nos anos 1960, que começa a incorporar elementos da gravura popular e a figuração extraída da cultura de massa, como a publicidade e o graffiti. Violência, sexo e política são temas tratados no uso recorrente de imagens de generais e bocas.

A busca por símbolos que remetam a uma situação, e cujos sentidos são construídos e reiterados no decorrer de suas aparições, é algo constante na produção de Antonio Henrique Amaral. Se de início elege as bocas e a figura do general, presentes também em suas primeiras pinturas, de meados dos anos 1960, é na representação da banana, ou por meio dela, que o artista consegue concentrar toda sua insatisfação com o momento histórico. Índice às avessas de uma identidade nacional, a figura da banana é trabalhada em diversas situações: solitária e em cachos, transpassadas por cordas, facas ou garfos, maduras, verdes ou apodrecidas. Como metáfora, a banana refere-se tanto à ditadura militar quanto à posição do Brasil no conjunto dos países democráticos, ao “ser” brasileiro no momento do slogan “Brasil, ame-o ou deixe-o”, ao mesmo tempo em que retoma uma tradição moderna de representação do caráter nacional que se inicia com a bananeira em Tropical (1917), de Anita Malfatti (1889-1964), passando pela pintura A Negra (1923), de Tarsila do Amaral (1886-1973), e Bananal (1927), de Lasar Segall (1891-1957).

Fonte: Itaú Cultural

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