Beatriz Milhazes
1960
A artista participa das exposições que caracterizam a Geração 80 – grupo que, pela pesquisa de novas técnicas e materiais, produz pinturas avessas à vertente conceitual dos anos 1970.
A colagem é parte importante da construção de suas imagens e aparece com o uso de materiais diversos, como papéis (de bala, coloridos) e tecidos recortados (chitão). Com experimentação em monotipia, Milhazes desenvolve sua técnica de construção da pintura baseada na colagem, criando os motivos em filmes plásticos e transferindo-os para a tela quando secos. A artista pode então criar os próprios elementos a serem usados nas pinturas. Desde os anos 1990, Milhazes se destaca em mostras internacionais nos Estados Unidos e na Europa.
Beatriz Milhazes frequentemente trabalha com formas circulares, sugerindo deslocamentos ora concêntricos, ora expansivos. A transferência de imagens da superfície lisa, pelo uso de película plástica, para a tela faz com que a gestualidade seja quase anulada. A matéria pictórica obtida por numerosas sobreposições não apresenta qualquer espessura, pois os motivos de ornamentação e arabescos são colocados em primeiro plano. O olhar do espectador é levado a percorrer todas as imagens, acompanhando a exuberância gráfica e cromática dos quadros.
A artista propõe uma relação não passiva com o espectador, que caminha com os olhos por suas telas, colagens e esculturas, buscando pequenos detalhes e se perdendo no acúmulo, na tensão cromática, na repetição, em movimentos e ornamentos que remetem à história da arte, ao barroco, ao pop, à cultura popular brasileira. A cor, a proporção e o ritmo estão no centro do seu pensamento estético na colagem, escultura, arquitetura e pintura.
Fonte: Itaú Cultural