Cândido Portinari

1903 – 1962

O pintor inicia sua formação artística na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1920. Obtém o prêmio de viagem ao exterior em 1928 e segue para a Europa no ano seguinte, episódio crucial em sua trajetória artística. Lá, conhece as obras de mestres italianos, além de importantes nomes da cena europeia da época, como Amedeo Modigliani (1884-1920) e Pablo Picasso (1881-1973). Todos esses artistas têm grande influência na obra de Portinari em diferentes momentos de sua carreira. 

Retorna ao Brasil no início de 1931 e passa a produzir com intensidade. No começo da carreira, Portinari tem a intenção de criar uma pintura de característica nacional. Produz uma obra com um caráter nacional e moderno, não apenas pelos temas tratados, mas também por suas grandes qualidades plásticas, o que vai ao encontro das ideias de Mário de Andrade e do movimento modernista brasileiro.

Em Café (1935), a figura humana adquire formas escultóricas robustas, com o agigantamento de mãos e pés, recurso que reforça a ligação dos personagens com o mundo do trabalho e da terra. Esta obra rende ao pintor um prêmio do Carnegie Institute, de Pittsburgh, Estados Unidos, em 1935, e ele se torna o primeiro modernista brasileiro premiado no exterior. 

Ainda na década de 1940, depois de ver Guernica (1937), de Picasso, no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), a admiração de Portinari pela obra do pintor espanhol, presente desde o início da carreira, é renovada. O trabalho de Portinari passa, então, a apresentar mais dramaticidade, expressando a tragédia e o sofrimento humano, e adquire caráter de denúncia em relação a questões sociais brasileiras, reveladas em obras como as da Série Bíblica (1942-1944) e Os Retirantes (1944-1945). 

Em 1956, Portinari inaugura os painéis Guerra e Paz (1953-1956), produzidos para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, pelos quais recebe o Prêmio Guggenheim no mesmo ano. Esses murais apresentam um resumo da trajetória do artista, em termos de iconografia: neles estão presentes a mãe com o filho morto, os retirantes e os meninos de Brodósqui.

Candido Portinari é um dos maiores expoentes da arte brasileira, não apenas por suas qualidades artísticas e pelo seu reconhecimento internacional, mas, principalmente, por contribuir com a fundação de uma cultura nacional no Brasil. Sua obra é ao mesmo tempo singular, ao retratar as mazelas sociais brasileiras, e universal, ao retratar o sofrimento humano.

Fonte: Itaú Cultural

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