Ione Saldanha
1919 – 2001
No início da carreira, Ione Saldanha pinta quadros com cenas cotidianas e retratos, em que revela interesse pela obra de Henry Matisse (1869-1954). Produz também figurações de casarios, definidos como retângulos de cor. Como nota o crítico Roberto Pontual, nesses trabalhos os jogos de verticalidade e horizontalidade assumem o papel de cerne estrutural e norma compositiva. Ainda segundo o crítico, o casario transforma-se primeiro em síntese construtiva para diluir-se depois, com os mesmos elementos da geometria, em estruturas sob brumas.
Já no fim da década de 1960, a artista busca novos suportes, abandonando a superfície bidimensional e expondo pinturas sobre ripas, bambus e bobinas. As Ripas, pintadas em apenas uma das superfícies, são expostas em conjunto, possibilitando uma infinidade de combinações de cores e apresentando grande leveza. Nessas obras, destaca-se o ritmo criado pela sucessão de variações cromáticas, que parecem se disseminar pelo espaço expositivo.
Os Bambus, pensados como colunas que se elevam do chão, são associados, por alguns críticos, a objetos de manifestações primitivas ou populares e também à produção de Alfredo Volpi (1896-1988), em relação à gama cromática. Já nas Bobinas, a artista transfigura o caráter industrial do suporte, explorando também seu aspecto lúdico.
Fonte: Itaú Cultural