Nelson Leirner

1932 –2020

Reside nos Estados Unidos, entre 1947 e 1952, onde estuda engenharia têxtil no Lowell Technological Institute, em Massachusetts, mas não conclui o curso. Resolve tornar-se artista apenas na década de 1950, estimulado por trabalhos do pintor Paul Klee (1879-1940).

Entre 1961 e 1964, continua com a pesquisa de materiais, mas com outra direção. Interessado nas poéticas dadaístas, produz seus quadros com objetos recolhidos na rua, gerando a série Apropriações. Em 1964, o artista abandona a pintura e passa a trabalhar com elementos prontos, fabricados industrialmente. Recolhe objetos de uso e desloca seu sentido, como em Que Horas São D. Candida (1964). Seus trabalhos estão entre a escultura e o objeto.

Em 1966, funda o Grupo Rex, com os artistas Wesley Duke Lee (1931-2010), Geraldo de Barros (1923-1998), Carlos Fajardo (1941), José Resende (1945) e Frederico Nasser (1945). O coletivo promove happenings e publica o jornal Rex Time. O grupo se volta a problemas como as relações da arte com o mercado, as instituições e o público, sendo tudo isso abordado com base nas linguagens radicais dos anos 1960.

É também um dos pioneiros no uso do outdoor como suporte. Por motivos políticos, fecha sua sala especial na 10ª Bienal Internacional de São Paulo de 1969, e recusa convite para outra em 1971.

A partir da década de 1970, o teor questionador do trabalho migra da ação direta para um sentido alegórico, que muitas vezes envolve o erotismo. O happening tem menos presença que o desenho e a instalação. Nessa época, Leirner se dedica a outras linguagens, como o design, os múltiplos e o cinema experimental, e cria grandes alegorias da situação política contemporânea em séries de desenhos e gravuras. Em 1974, expõe a série A Rebelião dos Animais, com trabalhos que criticam duramente o regime militar, pela qual recebe da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) o prêmio melhor proposta do ano.

De 1977 a 1997, leciona na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, onde tem grande relevância na formação de várias gerações de artistas.

A presença de elementos da cultura popular brasileira, marcante desde os anos 1960, cresce a partir da década de 1980. Em 1985, realiza a instalação O Grande Combate, em que utiliza imagens de santos, divindades afro-brasileiras, bonecos infantis e réplicas de animais. Pretende converter em arte o que é considerado banal.

Com uma carreira profícua, de obras heterogêneas e de teor crítico e reflexivo, Leirner torna-se, enquanto produtor e educador artístico, uma figura importante para o desenvolvimento da arte moderna no Brasil. Suas obras e ações se caracterizam pelo teor reflexivo e polemista. Alternando entre crítica política e social, remissões à arte e ao mercado e referências a divindades e animais, transforma objetos cotidianos em alegorias das situações que pretende destacar.

Fonte: Itaú Cultural

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