A Luz
Antônio Peticov
Nascido em Assis, no interior do estado de São Paulo em julho de 1946, viveu a sua infância em Cachoeiro de Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, mudando para São Paulo em tempo para a comemoração do IV centenário da cidade, quando foi à inauguração do Parque do Ibirapuera, evento que muito o marcou.
O início de sua adolescência foi vivido no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, aonde ficou até completar seus 14 anos. Foi nessa cidade, ainda maravilhosa, que ele descobriu a sua vocação artística ao conhecer Mario Sales Jr, o MARÇAL.
A partir dos 16 anos, de volta à capital paulistana, divide seu tempo entre as Artes Visuais e o mundo da música tendo sido o responsável pela banda que viria a se tornar Os Mutantes.
Exilando-se em Londres em 1970 transferiu-se para Milão no final de 1971 aonde permaneceu até 1985, quando passou a residir e trabalhar em New York lá permanescendo por outros 14 anos.
Seu trabalho foi difundido mundialmente através de capas de discos e de livros assim como calendários, cartões postais e posters, geralmente associado às suas mostras.
reviews
Kenneth Brecher
Professor Emérito de Astronomia e Física,
Boston University
Desde que Sir Isaac Newton usou um prisma de vidro para dividir a luz branca em suas cores componentes, os artistas se esforçaram para exibi-los em toda a sua intensa glória.
Antônio Peticov conseguiu esse feito melhor do que qualquer um antes dele. Suas imagens não apenas capturam a intensidade das cores puras: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e roxo (a sigla das crianças na escola é VLAVAIR), mas o fazem com verve, humor, jovialidade e honestidade intelectual.
Peticov conseguiu mesmo recombinar as cores sem um prisma, melhorando o quadrado mágico preto e branco de Durer com um quadrado mágico com as cores VLAVAIR.
Minha primeira impressão de Antônio Peticov foi feita antes mesmo de nos conhecermos. Um amigo meu participou de um evento bienal chamado “Gathering for Gardner”, que reúne matemáticos, puzzles, mágicos, artistas e cientistas. Cada participante convidado deve fornecer um “presente de troca” para todos os outros participantes. Meu amigo me mostrou uma pequena cópia sobre tela – uma versão da pintura de Peticov “The First Impression”. Eu sabia então e lá que eu tinha que ir para a próxima reunião e conhecer esse artista maravilhoso – tanto quanto eu poderia dizer, o primeiro artista desde Giacomo Balla que realmente sentiu e expressou a noção das cores que compõem a luz branca.
É claro que muitos artistas tentaram pintar arco-íris (sem dúvida, o melhor deles é o grande pintor da escola do Rio Hudson, Frederick Church). No entanto, ninguém havia realmente tentado e conseguido captar a ideia de que a luz branca fosse composta pela paleta de sete cores de Newton.
Vários artistas do século XX têm tocado com as cores da luz como se fossem feitas de “coisas” sólidas ou líquidas. As idéias de Antônio de “derramar cor” se manifestaram em duas e três dimensões. Tanto quanto sei, ele é o único artista que conseguiu lidar com a luz desta forma em duas e três dimensões. O artista britânico Patrick Hughes tocou com o arco-íris em duas dimensões, com inteligência e humor. Sua impressão em silkscreen de cores derramando de uma lata de tinta capta o espírito da idéia. No entanto, ao contrário de Peticov, Hughes emprega apenas 6 cores. Antônio acrescentou uma terceira dimensão ao conceito utilizando tubos de emissão de gases especialmente projetados. Ao deixar as cores “derramarem” sobre uma superfície de pedra branca, a escultura consegue recombinar novamente as sete cores separadas em branco.